Dedicado a todas as guerreiras, lindas, mulheres, que me apoiam na quebra das minhas correntes.
"Eu ia morrer cedo, tivesse falado ou não. Meus silêncios não tinham me protegido. Tampouco protegerá a vocês. Mas cada palavra que tinha dito, cada tentativa que tinha feito de falar as verdades que ainda persigo, me aproximou de outras mulheres, e juntas examinamos as palavras adequadas para o mundo em que acreditamos, nos sobrepondo a nossas diferenças. E foi a preocupação e o cuidado de todas essas mulheres que me deu forças e me permitiu analisar a essência de minha vida.
As mulheres que me ajudaram durante essa etapa foram Negras e brancas, velhas e jovens, lésbicas, bissexuais e heterossexuais, mas todas compartilhamos a luta da tirania do silêncio. Todas elas me deram a força e a companhia sem as quais não teria sobrevivido intacta. Nessas semanas de medo agudo –na guerra todas lutamos, sutilmente ou não, conscientemente ou não, contra as forças da morte- compreendi que eu não era só uma vítima, mas também uma guerreira."
LORDE, Audre.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Bullshit number 2014
My goddess
gave me two options: I should give time and space a chance, or my world would disintegrate.
I’m still thinking about this. What’s the point about send my world to hell? I
really shouldn’t give a fuck. I’ll tell you about my world:
Time and
space run fast in the grown up’s life. I’ve been smoking a lot
on the last few days… tiny and unproductive days… Just laid on my terrible bed,
that hurts my back, and smoked. Just watching time flowing and creating words
in my head.
How can I
give time and space a chance? They never gave-me one… once...
And in my mind it’s playing, repeatedly, what I want to say… and all of my song sounds like this:
And in my mind it’s playing, repeatedly, what I want to say… and all of my song sounds like this:
FIRST ACT
I’m sitting
on my bed, with my computer, just writing a new lyric. The words are repeating
what I want to say. I look to the screen and I read that.
“WHAT I
WANT TO SAY
What I want
to say… What… I want to say that… I’ll never say what I want to say. You can’t
understand a bit of what I want to say. What I want to say is… what I want to
say what what I want to say what I want to say what I want to say what I want
to say what I want to say what I want to say what I want to say what I want to
say what I want to say what I want to say what I want to say what I want to say
what I want to say what I want to say what I want to say what I want to say what
I want to say what I want to say what I want to say what I want to say what I want
to say what I want to say what I want to say what I want to say what I want to
say what I want to say what I want to say what I want to say what I want to say
what I want to say what I want to say what I want to say what I want to say what
I want to say what I want to say what I want to say what I want to say what I want
to say what I want to say what I want to say what I want to say IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
WAAAAAAAAAAAAAANNNNNNNNNNNNNTTTTT TOOOOOOOOOOO SAAAAAAAAAAAAAYYYYYYYYYYY.
Words are
just the same. I’ll just let my world burn with a slow motion bomb.”
And after
this there’s no second act.
segunda-feira, 10 de março de 2014
Opus 52
Eu tenho esse desejo...
Esse desejo que nunca morre...
Um fetiche, uma espécie de fetiche que me persegue a cada
cair de noite, a cada gota de chuva, a cada impulso... cada ar que pressiona os
meus pulmões, fazendo contrair o tórax que eu tão ansiosamente espero encher...
o vazio do peito... o vazio que persegue.
A ânsia de ser fato... de ser certeza e verdade, por mim e
pra mim. A ânsia eternamente dependente da vontade do outro... ou do Outro.
A falha que me arde e doma, que sempre resulta em arte de
desabafo e desespero.
Queria ser delicadamente pressionada por notas agudas,
estridentes e sinceras... pelas pontas dos dedos de quem eu escolhi pra ser
maestro da minha vida... em um solo de piano melancólico e sincero.
Tenho o desejo de ser suficiente, de sentir queimar ao vivo
a mata da alma, de sentir jorrar o gozo íntimo que é ser eu e o sujeito que eu
escolho pra mim. De ser dois. De olhar nos olhos e sentir esse frio jorrar todo
pra fora na foda mais doente que existe que é sentir-se amado...
Ainda me reprimo e cuspo na cara da minha própria essência. Não
consigo me deixar em parênteses e nem a falta... e nem quero substituí-la. Quero
sentir-me ser única de novo, de voltar ao útero e ser alimentada
involuntariamente através de um conforto materno, que te desenvolve
independente de trocas.
Quero ser aceita no na melodia do silêncio que me parte em
trezentas ao presenciar exatamente esse conforto naquele olhar felino, predatório,
que me prende e te come viva.
Quero ser livre e mulher, o que eu sou de mulher, sem ser
reflexo de uma figura preestabelecida, mas sim de ser a minha própria
sensibilidade, o meu próprio apego, a minha própria passividade... de ser
enxergada como sujeito único e protetor da minha própria existência.
Quero que você me olhe e me diga, sem uma palavra, que ser sujeito
é ser o que eu sou, o que eu quiser ser, e não me preocupar se ainda faço parte
do que alguém espera que eu seja... quero que você me convide pra isso e que
minha própria fraqueza me cure.
Quero ser uma balada de Chopin, tocada com carinho à luz do
luar, apesar de sozinha. E quero que, ao final, eu seja eternamente aplaudida e
que seja reconhecida como única e imortal através dos tempos atuais, que são
suicidas e destrutivos... mas que seja uma destruição que, quando eu olhar pra
trás depois da morte, seja exatamente o que eu quero: aquele sexo de olhar fixo
nos olhos e que te faz palpitar o coração, que me faz sentir parte do
universo... e, assim, compreende-se tudo, mesmo que eu não tenha dito nada.
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